J Bezerra - Críticas
FORTUNA CRÍTICA
Antônio Bento
TEMPO E MEMÓRIA NA PINTURA DE J. BEZERRA

Num texto do próprio J. Bezerra, constante do catálogo de sua exposição de 1977, aqui mesmo, na galeria "Casablanca", encontra-se uma deixa valiosa para o entendimento de um dos significados mais relevantes de sua pintura. Foi a citação de uma frase de Paul Klee, por ele considerado o maior poeta entre os demais pintores: "Toda arte é memória de tempos mais antigos, cujos fragmentos sobrevivem no artista".

A afirmativa deste grande criador de formas, igualmente um pensador como o seu amigo Kandinsky, demiurgo da arte abstrata neste século, explica um dos aspectos mais importantes da elaboração dos quadros do expositor. Sua pintura decorre de imposições variadas, vindas por igual do espírito e do sonho, da realidade e da fantasia. Deste dualismo entre o conceito e a emoção nascem suas obras. Nestas estão intercaladas visões diversas, umas provenientes da natureza e outras surgidas do inconsciente, de papel tão vasto nas artes visuais de nosso tempo. Esta dicotomia ou este choque entre o lógico e o ilógico fecunda o trabalho de J. Bezerra. E gera ambigüidades curiosas, no curso das quais as visões fixadas na tela sofrem distorções temporais, que inferem na memória do artista. Sob este aspecto, são ricos de implicações os seus quadros, sempre ligados à figura humana. Sobretudo no que diz respeito às mutações da memória, faculdade tão sujeita a incertezas e tocada pelo mistério de interferências imprevisíveis, aleatórias e aparentemente incompreensíveis. Não raro, parece que a memória é mutável como o tempo e participa de seu curso instável, relativo e imprevisto. Na verdade, o tempo varia com as emoções e obedece às incidências da subjetividade humana.

A estes e outros devaneios nos levam o trabalho de J. Bezerra, pintor sério, íntegro, que procura sobretudo encontrar o seu próprio caminho, entre sonhos, pensamentos e quimeras, num mundo áspero, hostil e trágico, como este em que nos encontramos.

Mas, além de suas especulações temporais, existem outros problemas na arte deste maranhense inquieto, que especula com o tempo, os símbolos do inconsciente e a vida em si mesma.

Se é certo - como o próprio artista o confessa - que tudo em sua "pintura é simbólico", a memória exerce naturalmente um papel importante em suas criações. Liga-se inclusive às propriedades simbólicas que ele também atribui às cores. E isto é muito importante, por sua vez, em pinturas figurativas, nas quais é raro que o artista tenha esta espécie de preocupação.

São na realidade os pintores abstratos, desde os primitivos até Kandinsky e o nosso Israel Pedrosa, aqueles que procuram os significados simbólicos da cor.

Este me parece um dos aspectos importantes do cromatismo de J. Bezerra, em cuja pintura tudo é detidamente pensado, tanto no plano da razão como no do inconsciente, onde germinam secretamente as sementes das obras de arte.

Tendo se iniciado como desenhista, o desenho de pintor apurou-se naturalmente com o tempo. Tornou-se preciso e refinado, dando um sólido apoio às estruturas, resultantes de visões subjacentes ou provindas de uma incubação misteriosa, que parece ter se originado de outras gerações, de outras vidas ou de outros tempos, segundo a sugestão de Klee.

Pertencem a esta tendência meio fantástica os quadros desta mostra que J. Bezerra intitulou de "Fragmentos da memória".

Não deixa de ser curioso o fato de J. Bezerra declarar que faz invariavelmente uma narrativa em cada uma de suas obras. Esta narrativa evidentemente não é igual à da arte tradicional. Nem muito menos à da história em quadrinhos. Às vezes é hermética, pois os significados dos símbolos, mesmo os que se expressam através de figuras ou sinais, não são acessíveis a todos. É o que acontece com a maioria de seus quadros, tanto nos diálogos figurativos como no apelo à linguagem simbólica. Cada um que procure a cifra visual, carregada de subjetividade, a que recorreu o pintor, em sua especulação humanista ou em seu jogo formal, disposto no espaço.

A forma aparece sempre elaborada nas obras do artista. Alguns de seus perfis são de uma pureza linear rara em nossa pintura atual. Isso aumenta o seu valor artístico e estético, que se enobrece pela beleza do traço.

J. Bezerra firma-se realmente como um dos valores refinados da jovem pintura brasileira. Foi essa a conclusão a que cheguei, depois de conversar com ele e de ver vários de seus quadros.

Apresentação de catálogo, Rio de Janeiro, julho de 1978
Jayme Maurício

O tema sempre comovente da infância não tem sido muito freqüente na pintura brasileira. Mas as revisões estão aí, com uma carga forte de humanismo. Geralmente, são os pintores ingênuos que pintam crianças, após os grandes momentos de Portinari, em alegria e sofrimento. J. Bezerra trata do tema com sensibilidade, acrescentando elementos do meio ambiente e figuras de adultos. Embora de um lirismo acentuado, Bezerra evita a banalidade, mantendo uma composição austera e equilibrada.


Walmir Ayala

... Seu depoimento atinge um nível de inquietação e mistério subconsciente nas cenas com figuras que se sobrepõem, como saídas de um pesadelo ou de um massacre, já denunciando o clima sombrio dos subterrâneos do símbolo. Bezerra vai descer mais, estamos certos, na grande aventura a que se entregou ao cavar a epiderme da realidade. Não é dos que se realizem fotografando a realidade; seu instrumental é outro. Seu gosto é mesmo o de registrar os reflexos em camadas mais profundas do conhecimento, liberando metáforas ainda ilegíveis, mas sempre coerentes com o mundo do sonho e do silêncio.

Apresentação de catálogo, Rio de Janeiro, agosto de 1977
Paschoal Carlos Magno

J. Bezerra nos dá com seus quadros ungidos de lirismo uma lição visual de simplicidade em colorido, temática e força poética. É a meu ver um artista completo.

Sua arte sutil, despojada de qualquer ênfase, é a invenção de quem substituiu palavras e ritmos por pincéis e tintas.

Bezerra não é somente um intérprete de si mesmo, do seu mundo interior e de suas inquietações. Há um profundo significado e pureza em sua arte sutil e despojada.

É essa força, o poder de sua doação, que impressiona pela dimensão de sua sensibilidade, ao mesmo tempo profunda e discreta.

Sua pureza é o eco de milhares que amam as coisas simples, naturais, num mundo a cada dia mais ameaçado por toda sorte de problemas socioeconômicos.

Apresentação de catálogo, Rio de Janeiro, 1977
Mário Pereira Filho
J. BEZERRA: A VISÃO ONÍRICA DO REAL

... Sob a aparência poética e onírica de seus quadros, J. Bezerra propõe uma reflexão sobre a violência cotidiana do mundo moderno.

Se em suas obras ele transfigura o real em um universo de sonhos, é sem qualquer ilusão que olha o mundo em volta.

- Hoje em dia se fabricam conceitos, o sucesso comercial confunde-se com o artístico, a publicidade distorce os verdadeiros valores, tumultuando o juízo crítico. Todo artista deve assumir o compromisso de ficar atento à qualidade de seu trabalho.

J. Bezerra começou a pintar em 1964, e nesses quatorze anos a inquietação e a dúvida são o saldo de seu trabalho. Citando Klee - "Os quadros nos olham" -, ele sente que toda sua produção, depois de pronta, continua como uma indagação, às vezes acusando-o, outras servindo como a mais terrível das testemunhas.

Para quem põe em sua obra o apelo incessante de uma sensibilidade inteligente, não importam os critérios do tipo "prontamente vendável" como juízo de valor. O pintor maranhense reconhece que uma parte dos artistas se acomoda e, por necessidade, faz concessões em troca de uma retribuição quase sempre enganosa.

- Mas o artista honesto, consciente, coerente, paga um preço. No meu caso particular, fiz várias tentativas para poder mostrar o meu trabalho. Houve galerias que me aconselharam a mudar minha pintura, considerada sem sentido, absurda. Felizmente nunca vi minha criação como uma mera fonte de renda.

Uma Proposta de Reflexão

A urgente necessidade de que o homem volte a amar seu semelhante, antes que os sentimentos pereçam diante da violência cotidiana, é a maior preocupação de J. Bezerra. É por isso que o artista deve defrontar-se com a tela tendo plena consciência do seu papel.

- Meu caminho é a arte simbólica. Durante todo o processo de criação fico atento para não agir apenas como um inspirado, representando, de maneira irresponsável, a voz da emoção. Procuro sempre levar o homem à reflexão, através de representações que não são simples cópias do real, mas, ao contrário, têm uma aparência poética, fantástica e, principalmente, perturbadora.

Tudo é simbólico em sua obra, até mesmo a cor. Transpor a realidade para a tela é um processo que não está vinculado a uma visão racional, mas a uma linguagem subjetiva, que assume uma importância muito maior.

- As coisas visíveis funcionam como ponto de partida. Se me reduzo a "fotografar" o que me cerca, o quadro logo será uma mentira, pois as coisas mudam do dia para a noite. A aparência é efêmera, o momento é fugitivo, o importante é penetrar na alma: a verdadeira obra de arte tem a sua própria realidade, bem diferente daquela que nossos olhos podem ver.

Se a obra de arte nasce independente de uma visão predeterminada - como quer o artista - e a história de uma pintura começa bem antes do artesão defrontar-se com o cavalete, J. Bezerra não vê fundamento nas críticas que o acusam de zombar do mundo da razão.

- Na arte só é válido o que não se pode explicar. Já usei muitas técnicas em meus trabalhos (guache, aquarela, pastel, óleo), mas não posso dizer que existe uma técnica mais adequada. Durante sua execução o quadro toma conta de mim, ditando-me o rumo a seguir. Explicar tudo isso, explicar a poesia de uma tela de Bosch, Redon ou Gauguin?... Não, elas perderiam seu poder e fascínio e toda sua capacidade de dialogar com o homem.

Antes da atual fase, J. Bezerra teve um período acadêmico e uma passagem de quatro anos pelo Cubismo. O contato com alguns mestres, como William Blake e Klee, ensinou-o a enxergar as coisas com mais clareza.

- Aprendi a valorizar o que há de mais sublime, mais íntimo, mais necessário e, infelizmente, mais ameaçado no homem: seu sonho.

Revista Arte Hoje, janeiro de 1979
Walmir Ayala
ROMANTISMO E AFIRMAÇÃO

Todos os timbres de sua linguagem estão confirmados, presentes e enriquecidos pelo aperfeiçoamento técnico. O lirismo não se dilui, nem dilui a área contaminada pelos estranhos exorcismos de suas figuras. Um contraste cromático vitaliza algumas das composições: a breve figura incendiada de vermelho invade o espaço geral e azul. Uma pintura que cresce muito nesta grande exposição, que se mostra rigorosa consigo mesma e se pretende grande, profunda, sem a esparrela dos pequenos macetes de ordem puramente comercial. J. Bezerra demonstra estar exigindo muito de si mesmo, o bastante para revelar a área de conflito em que se envolve, no desejo de aperfeiçoar um vocabulário de beleza envolvido de evidente romantismo.

Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1979
Pietro Maria Bardi
J. BEZERRA

... Uma Pintura que se apóia num domínio técnico de transparências e áres difusas, armando um clima de poética fantasia, com imagens temáticas que geralmente fixam nos símbolos alados. Bezerra não é dos que se realizam fotografando a realidade, mas transfigurando-a.

Arte Brasileira, São Paulo
José de Souza Alencar (Alex)

... J. Bezerra cria figuras humanas com um traço que aumenta a forma, mas mantém a proporção. Isto é muito importante. Um dos pontos cruciais da pintura moderna, desde que foi inteiramente postulada pelo gênio de Picasso é justamente este: distorcer a figura mas manter a harmonia da forma, das figuras, o ritmo do traçado da tela. Isto Bezerra consegue de maneira marcante. Gosta dos tons pastéis, entre azul e cinza, para criar todo o plano da tela, mas algumas vezes joga um contraponto vermelho, um pequeno detalhe de cor forte, o que valoriza mais ainda o trabalho.

Jornal do Commercio, Recife, dezembro de 1979
Walmir Ayala
REALIDADE POÉTICA NA PINTURA

J. Bezerra, artista maranhense inaugura hoje individual de sua pintura mais recente na Galeria Realidade. Em J. Bezerra, diferentemente de outros figurativos também marcados por Bacon, como Siron Franco, Deni Bonorino, Paulo Houayeck, etc, a qualidade sensível e lírica do desenho veio pesar muito e deve ter certamente conferido à sua obra a transparência simbólica, de cor e imagem, paulatinamente desprendida do mestre inglês. Ficou, sem dúvida, a angústia da solidão humana, o patético testemunho do tempo dramático que vivemos, e no qual o homem tenta, de formas às vezes brutais, o reencontro com uma identidade paradisíaca. A respeito da proposta de sua pintura, disse Bezerra:

"Meu trabalho se propõe a levar o homem à reflexão, despertando-o para um encontro consigo mesmo, com suas origens. Tento transmitir a necessidade urgente de que o homem volte a amar seus semelhantes, antes que pereça de amor pela tecnologia e pela violência".

Um dado imediato de aferição dos valores plásticos de Bezerra é a poesia. Sobre isto ele afirma: "A poesia está em tudo que nos cerca: numa flor, numa pedra, num rosto sofrido, nas pessoas que passam à nossa frente, num inseto ou mesmo num sapo. Basta estarmos em sintonia com a vida para percebermos que tudo extravasa poesia. Tenho aprendido muito andando pelas ruas, participando da vida, procurando, o quanto possível, ver e não apenas olhar. A realidade visível é sempre o meu ponto de partida para um quadro. Transformar a realidade visível, submetê-la às dimensões específicas e necessárias à obra plástica é meu trabalho. Sem o diálogo com o modelo, seja ele uma natureza morta ou uma figura humana, o artista ficará sempre na superfície, distante do verdadeiro significado da criação. A verdadeira obra de arte tem sua própria realidade. Uma realidade bem diferente da que estamos acostumados a ver. Deve por isso ser poética, fantástica e perturbadora".

Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 7 de março de 1981
Flávio de Aquino
J. BEZERRA, PINTOR DO SIMBOLISMO FANTÁSTICO

"A imaginação é mais forte do que o artista. Ela nasce de nossa observação e compreensão da vida. A poesia está em tudo que nos cerca..." Assim o pintor J. Bezerra apresenta sua arte, exposta na galeria carioca Realidade.

Ao ver seus quadros com figuras quase impassíveis, olhando para o próprio íntimo e criadas por uma pintura de tons rebaixados e transparentes, a primeira idéia que vem ao espectador é a de um simbolismo tendendo para o surrealismo metafísico. O signo, as imagens têm sentido próprio, extraquadro e feitas de memória. Há o hermetismo do seu significado, mais a lógica interna da sua técnica. J. Bezerra iniciou-se através do desenho, passando pela influência de William Blake, Odilon Redon e Paul Klee.

Sua arte procura o silêncio e a meditação interior inexistentes em Blake, mas encontradas em Redon. Na realidade, a pintura de J. Bezerra busca um naturalismo fantástico pela imutabilidade sonhadora das figuras e pelos acordes refinados e neutros dos belos tons. É a arte do simbolismo moderno, a do reino intermediário entre a realidade e o sonho.

Revista Manchete, 30 de maio de 1981
Antônio Bento
A CONDIÇÃO HUMANA QUESTIONADA EM SÍMBOLOS VISUAIS

... Dada a sua formação intelectual, J. Bezerra se interessa pela pintura moderna e pós-moderna, se é que se pode fazer esta dicotomia. As inquietações deste século são românticas e pesquisadoras. E continuam sendo substancialmente modernas, segundo a opinião de Lionello Venturi, mestre da crítica de arte contemporânea. Sob esse aspecto, a antiga modernidade de Baudelaire, típica do Romantismo, persiste nas buscas inquietíssimas de hoje.

J. Bezerra conhece bem os "ismos" de nosso tempo. Esta se tornou uma de suas reflexões:

- Criar qualquer coisa sem relação com a minha época me é suspeito.

Mas encara a sociedade como um pensador na contemplação da complexidade dos enigmas e vicissitudes da condição humana. A de ontem e a de hoje.

Nesse questionamento, inspira-se em Blake, Goya, Redon e Klee. Para ele a arte é aparência e símbolo. Através de figuras simbólicas, apresenta imagens sociológicas ou, sobretudo, psicológicas de seres humanos.

- Eu mesmo às vezes não sei explicar o significado oculto de minhas composições e fantasias. Vêm do inconsciente, nascem de "circunstâncias especiais". Brotam do fundo de imemoriais recordações.

- Qual é seu objetivo primordial como artista?

- Tento transmitir em minha pintura a necessidade imediata de que o homem volte a amar seu semelhante, antes que pereça de equivocado "amor" pela tecnologia e pela violência. Meu depoimento, embora às vezes retrate crise, angústia e enfermidade, não prega, no entanto, a morte. Mostra - ao contrário - minha crença na redenção do homem.

Isso acontece pelo fato de o pintor olhar a vida com amor, à maneira de um filósofo benévolo, conhecedor das desgraças da humanidade, trágica neste século de barbaria e de guerras mundiais. Nunca foi desígnio do artista fazer pintura-social. É outro o destino de suas obras.

Suas figuras são apresentadas, em geral, em situações de sofrimento e de inquietação. Aparecem perplexas, em face de amarguras, decepções e desalentos. Algumas têm duas imagens. Ambas são verdadeiras. Assim as vê o pintor, em formas sempre bem elaboradas.

Dialogamos sobre a dramaticidade do mundo, neste século de turbulências, extermínios e armas nucleares.

- O artista é também a testemunha terrível de seu tempo - diz Bezerra. Nada lhe escapa. A arte é e sempre será a própria consciência do homem. O artista denuncia, por intermédio de suas criações, injustiças, genocídios e opressões, a cruel, a despótica verdade do homo hominis lupus, tentando despertar uma consciência morta.

Quando começou, J. Bezerra também fez trabalhos hiper-realistas. Não se satisfez com essa solução. Julgou que não lhe bastava a cópia da vida.

- Não era isso o que eu queria.

Voltou-se então para uma expressão mais fantástica e simbólica. Buscava sua própria representação da sociedade - como se pode ver nesta exposição. Uma sociedade proveniente do sonho e de outras visões, todas vindas do subconsciente. Muitas delas mostram faces de real fascínio estético, coisa rara na arte de hoje.

Apresentação de catálogo, Rio de Janeiro, outubro de 1982
Flávio de Aquino
OS FANTASMAS DE J. BEZERRA

... O simbolismo também tem sua expressão moderna. Este é o caso de J. Bezerra, maranhense, com exposição de pinturas na Realidade Galeria de Arte (Rio). Bezerra dissolve em irradiações luminosas suas figuras fantasmagóricas, em atitudes rígidas que lembram as silhuetas de Segall.

Revista Manchete, Rio de Janeiro, novembro de 1982

... Uma pintura consagrada, impregnada de elementos simbólicos. Sonho, mistério e lirismo. Ou pureza, misticismo e fantasia? Talvez tudo isso e muito mais entre na lista de elementos que caracterizam o trabalho de J. Bezerra.

Consagrado pela crítica e público, J. Bezerra mostra nos seus quadros extrema força poética de comunicação.

O simbolismo é a característica mais forte da arte de J. Bezerra. Até a cor, segundo a maioria dos críticos, é simbólica. E Bezerra admite isso, lembrando que procura dar aos elementos imaginários que cria uma lógica visual, a lógica que preside a estrutura do mundo visível, não evitando, às vezes, que suas próprias emoções se transportem para a tela.

Não é por menos que o crítico Antônio Bento ao ver os quadros de J. Bezerra julgou seu trabalho "preciso e refinado", resultante de visões misteriosas que mostram sua tendência para o fantástico.

Paschoal Carlos Magno costumava classificar a obra de J. Bezerra de "sutil e profunda, uma verdadeira invenção de quem substituiu as palavras e ritmos por pincéis e tintas".

Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 de maio de 1985
Álvaro Machado
J. BEZERRA

De 27 de junho a 7 de julho será realizada na galeria carioca Borghese uma exposição de obras recentes de J. Bezerra.

Trata-se de uma mostra realmente deslumbrante, talvez a mais espetacular e criativa individual dos últimos dez anos no Rio de Janeiro. Antônio Bento, Flávio de Aquino, Walmir Ayala, Georges Racz, Pernambuco de Oliveira, falam dele como uma expressão magnífica da arte contemporânea. Eu expresso o meu pensamento, a minha impressão com impacto de emoção. Nos quadros de J. Bezerra existe muito mais do que forte expressão e emoção, pois neles estão contidos imagens de forte bom gosto, sensibilidade, animação e ternura em momentos que supera o próprio Picasso na fase azul, ou Renoir quando retrata as crianças e sua inocência. A tela "Redenção" extrapola com o estrondo da fixação visual permanente, sim, porque a própria obra do artista, quando genial, não mais lhe pertence. As idéias da verdade e do espírito podem ser invocadas por Hegel, mas para J. Bezerra a superioridade do surrealismo em relação ao cubismo e a outras revoluções estéticas, reside principalmente no fato de que a revolução cubista, como também os demais movimentos estéticos (com algumas exceções) deu-se apenas no campo plástico, enquanto que o surrealismo foi uma revolução no campo psicológico. Este é o pensamento de J. Bezerra, que vai mais longe ao dizer:

"Foi, sem dúvida, a primeira tentativa da arte de um acesso ao inconsciente do homem; possivelmente o grito de alerta a enunciar a maior das revoluções por que este passará: a revolução psicológica.

"A obra de arte tem, tanto no plano estético como no ético, a sua própria realidade. Ela nos leva por caminhos os quais a razão e a ciência não são capazes de alcançar. Um quadro jamais deve ser visto apenas como uma superfície colorida; ele é, sobretudo, um caminho que nos conduz por regiões desconhecidas que ultrapassam o próprio quadro, ampliando a nossa compreensão da realidade e conduzindo-nos para novas regiões da percepção".

Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 24 de junho de 1991
Críticas/Imprensa
AVENTURA PICTÓRICA

... O tema é o mesmo: a figura humana em duas vertentes - uma real e outra idealizada.

"Uma aventura mental", assim J. Bezerra classifica suas pinturas quando traça um paralelo entre a escola cubista e o movimento surrealista. "A superioridade do surrealismo em relação ao cubismo e a outras revoluções estéticas se encontra no fato de que a arte cubista e a maioria dos outros movimentos artísticos se deram no campo plástico, enquanto o surrealismo foi muito além disso: atingiu o plano psicológico". J. Bezerra faz tal afirmação com a autoridade de quem dedicou quatro anos de sua atividade ao cubismo, período em que sentiu a necessidade de se aprofundar na forma. Depois retornou ao "interior humano" e ao que os críticos identificam com uma temática neo-romântica.

J. Bezerra considera fundamental o isolamento para fazer sua pintura: "A solidão é a matéria-prima do meu trabalho, mesmo quando a inspiração vem do mundo lá de fora... A obra de arte não é construída com rapidez porque a coerência exige reflexão. Acho que é por isso que alguns críticos dizem que meus quadros são intelectualizados, mas esta não é minha intenção. Acho que a pessoa mais simples pode entender o que pinto porque minha simbologia é universal: o rosto humano, a dor..."

Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 27 de junho de 1991
AVENTURA PICTÓRICA

... O tema é o mesmo: a figura humana em duas vertentes - uma real e outra idealizada.

"Uma aventura mental", assim J. Bezerra classifica suas pinturas quando traça um paralelo entre a escola cubista e o movimento surrealista. "A superioridade do surrealismo em relação ao cubismo e a outras revoluções estéticas se encontra no fato de que a arte cubista e a maioria dos outros movimentos artísticos se deram no campo plástico, enquanto o surrealismo foi muito além disso: atingiu o plano psicológico". J. Bezerra faz tal afirmação com a autoridade de quem dedicou quatro anos de sua atividade ao cubismo, período em que sentiu a necessidade de se aprofundar na forma. Depois retornou ao "interior humano" e ao que os críticos identificam com uma temática neo-romântica.

J. Bezerra considera fundamental o isolamento para fazer sua pintura: "A solidão é a matéria-prima do meu trabalho, mesmo quando a inspiração vem do mundo lá de fora... A obra de arte não é construída com rapidez porque a coerência exige reflexão. Acho que é por isso que alguns críticos dizem que meus quadros são intelectualizados, mas esta não é minha intenção. Acho que a pessoa mais simples pode entender o que pinto porque minha simbologia é universal: o rosto humano, a dor..."

Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 27 de junho de 1991
AVENTURA PICTÓRICA

... O tema é o mesmo: a figura humana em duas vertentes - uma real e outra idealizada.

"Uma aventura mental", assim J. Bezerra classifica suas pinturas quando traça um paralelo entre a escola cubista e o movimento surrealista. "A superioridade do surrealismo em relação ao cubismo e a outras revoluções estéticas se encontra no fato de que a arte cubista e a maioria dos outros movimentos artísticos se deram no campo plástico, enquanto o surrealismo foi muito além disso: atingiu o plano psicológico". J. Bezerra faz tal afirmação com a autoridade de quem dedicou quatro anos de sua atividade ao cubismo, período em que sentiu a necessidade de se aprofundar na forma. Depois retornou ao "interior humano" e ao que os críticos identificam com uma temática neo-romântica.

J. Bezerra considera fundamental o isolamento para fazer sua pintura: "A solidão é a matéria-prima do meu trabalho, mesmo quando a inspiração vem do mundo lá de fora... A obra de arte não é construída com rapidez porque a coerência exige reflexão. Acho que é por isso que alguns críticos dizem que meus quadros são intelectualizados, mas esta não é minha intenção. Acho que a pessoa mais simples pode entender o que pinto porque minha simbologia é universal: o rosto humano, a dor..."

Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 27 de junho de 1991
H. Carneiro
J. BEZERRA - O PINTOR DOS SONHOS

A exemplo de Blake, Bosch e Redon, a pintura de J. Bezerra nasce dos sonhos, reminiscências e reflexões. Para ele, a obra de arte espelha o inconsciente e tem o poder de despertar no espectador inquietantes indagações. "Minha pintura atual", diz o artista, "antes de ser um trabalho artesanal, representa, acima de tudo, uma grande aventura mental, onde substituo o poder da lógica e do racional pela emoção poética".

Em sua obra, plasticidade e arquétipos lançam o observador num mundo de mistério, onde indagações e respostas se fazem infinitas.

Revista Manchete, Rio de Janeiro, 20 de julho de 1991
Críticas/Imprensa
OS FRAGMENTOS DA MEMÓRIA DE J. BEZERRA

... "A obra de arte não é construída com rapidez porque exige reflexão. Quando inicio um quadro, o primeiro estágio é totalmente espontâneo, quase inconsciente. A partir do segundo estágio, porém, tudo é calculado com rigor...", diz o pintor maranhense, considerado "um dos valores refinados da jovem pintura brasileira", como o define Antônio Bento. Criado no "meio do mato", do interior do Maranhão, suas criações trazem imagens surreais e simbólicas, que "vêm da meditação e do silêncio, de imemoriais recordações e principalmente dos sonhos..." J. Bezerra já expôs suas obras no MASP, no MAM, na Alemanha, França e Canadá.

Revista Manchete, Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1994
Georges Racz
O SIMBOLISMO ONÍRICO DE J. BEZERRA

A figuração apurada e medida de J. Bezerra trabalha num ponto de convergência do simbolismo e do onírico surreal, colocando continuamente a dicotomia entre a face inconsciente e o consciente do ser humano, ou então simbolizando, em sentido mais místico, a relação do corpo com a alma, a unidade do presente e do futuro, entre o espírito e a pomba, símbolo do divino, da paz.

Beautifull Week - Rio de Janeiro, outubro de 1988

BEZERRA, J. - JOSÉ ALVES BEZERRA - 1939, CAROLINA - MA

... Data de 1964 suas primeiras experiências de pintura. O conhecimento da pintura de Francis Bacon, Blake, Redon e Klee vem influenciar, cada um à sua maneira, a pintura de Bezerra. Posteriormente vem a conhecer (e analisar) a obra de Ismael Nery. Transfere residência para o Rio de Janeiro, começando a expor em 1967. Sua pintura apóia-se num domínio técnico de transparências e áreas difusas, num clima de poesia e fantasia, com imagens temáticas que durante algum tempo fixaram-se nos símbolos alados. A seu respeito escreveu o crítico Antônio Bento:

"Sua pintura decorre de imposições variadas, vindas por igual do espírito e do sonho, da realidade e da fantasia. Deste dualismo entre o conceito e a emoção nascem suas obras. Nestas estão intercaladas visões diversas, umas provenientes da natureza e outras surgidas do inconsciente, de papel tão vasto nas artes visuais de nosso tempo.

Esta dicotomia ou este choque entre o lógico e o ilógico fecunda o trabalho de J. Bezerra. E gera ambigüidades curiosas, no curso das quais as visões fixadas na tela sofrem distorções temporais, que inferem na memória do artista. Sob este aspecto, são ricos de implicações os seus quadros, sempre ligados à figura humana".

Dicionário de Pintores Brasileiros - Dictionary of Brazilian Painters (Bozano Simonsen), 1986
BEZERRA, J. - JOSÉ ALVES BEZERRA - 1939, CAROLINA - MA

... Data de 1964 suas primeiras experiências de pintura. O conhecimento da pintura de Francis Bacon, Blake, Redon e Klee vem influenciar, cada um à sua maneira, a pintura de Bezerra. Posteriormente vem a conhecer (e analisar) a obra de Ismael Nery. Transfere residência para o Rio de Janeiro, começando a expor em 1967. Sua pintura apóia-se num domínio técnico de transparências e áreas difusas, num clima de poesia e fantasia, com imagens temáticas que durante algum tempo fixaram-se nos símbolos alados. A seu respeito escreveu o crítico Antônio Bento:

"Sua pintura decorre de imposições variadas, vindas por igual do espírito e do sonho, da realidade e da fantasia. Deste dualismo entre o conceito e a emoção nascem suas obras. Nestas estão intercaladas visões diversas, umas provenientes da natureza e outras surgidas do inconsciente, de papel tão vasto nas artes visuais de nosso tempo.

Esta dicotomia ou este choque entre o lógico e o ilógico fecunda o trabalho de J. Bezerra. E gera ambigüidades curiosas, no curso das quais as visões fixadas na tela sofrem distorções temporais, que inferem na memória do artista. Sob este aspecto, são ricos de implicações os seus quadros, sempre ligados à figura humana".

Dicionário de Pintores Brasileiros - Dictionary of Brazilian Painters (Bozano Simonsen), 1986
José de Souza Alencar (Alex)
O pintor J. Bezerra em novo livro

O Recife conheceu o pintor J. Bezerra quando ele esteve aqui há 26 anos, conseguindo realizar uma grande e elogiada exposição. Pelo telefone, ele indagou de Carlos Ranulpho se eu ainda estava escrevendo sobre arte, e tendo a confirmação positiva, enviou-me um exemplar do extraordinário livro sobre a sua obra, escrito por Georges Racz, um húngaro radicado no Brasil, atuando como crítico e professor de arte em universidades. O livro contém um imenso e excelente estudo crítico de Racz sobre a pintura de J. Bezerra além de depoimentos de críticos de arte como Antonio Bento, Pietro Maria Bardi, Pascoal Carlos Magno, Flavio de Aquino, e eu estava justamente nesta seleção de nove nomes. O autor do livro publicou um trecho de minha opinião da pintura de J. Bezerra vista no Recife. O livro é colossal.

Jornal do Commercio - 27-12-2005 - Recife-PE
José de Souza Alencar (Alex)
Prêmio para o livro de J. Bezerra

Faz algum tempo que escrevi um comentário sobre um notável livro de arte documentando a obra de um dos melhores pintores do Brasil, J. Bezerra, que saiu de uma pequena cidade do maranhão para conquistar fama aqui no Brasil e também no exterior, com trabalhos em pinacotecas importantes nos Estados Unidos e na Europa. O livro, apenas intitulado J. Bezerra, com letras em dourado destacando-se no preto de toda a capa, tem como autor um conceituado crítico de arte que é Georges Racz, um europeu que escolheu o Brasil para viver, sendo autor de vários livros e de incontáveis artigos como crítico de arte. O livro que fez sobre a pintura de J. Bezerra conseguiu ficar em segundo lugar em escolha que é feita no Rio de Janeiro para apontar o melhor livro de arte. O primeiro lugar foi um estudo sobre a obra de Ismael Nery. Acho justo destacar o trabalho crítico e de editoria de Georges Racz. Na verdade, ele merece, não só pelo visual das ilustrações escolhidas, mas pelo longo e excelente texto analítico, que daria um outro livro especial só para a análise da obra do artista plástico, através das várias fases da sua pintura criativa e de altíssimo nível. Georges Racz está de parabéns e merece outro comentário.

Jornal do Commercio - 24-1-2006 - Recife-PE
Carlos Henrique Braz
Exposições

J. Bezerra. Há catorze anos sem promover uma individual no Rio, o pintor maranhense está de volta. Exibe quinze óleos sobre tela de grandes e médios formatos com inspiração surrealista. Imagens delineadas com pinceladas fortes e tonalidades neutras chamam a atenção em trabalhos como Entre o Céu e a Terra, Apocalipse, Encontro com Van Gogh e O Musico fantástico. Durante a mostra, será lançado o livro de arte J. Bezerra - Pinturas / Desenhos 1963-2003 (RBM Editora, 295 páginas), do crítico de arte Georges Racz. O trabalho traz reproduções de mais de 300 obras realizadas em diferentes fases da carreia do artista. Realidade Galeria de Arte. Avenida Ataulfo de Paiva, 135, loja 226, Leblon.

Revista Veja Rio - 13-8-2008
Bolívar Torres
Figuras retorcidas e corpos aprisionados

Mostra e livro revelam angustias do pintor J. Bezerra

Completando 44 anos de vida artística, o pintor maranhense J. Bezerra continua um observador convicto do inconsciente humano. Parte desse retrato pode ser conferida em sua nova exposição individual na Realidade Galeria de Arte, que abre hoje com o lançamento simultâneo do livro J. Bezerra, do crítico de arte Georges Racz, recuperação da trajetória do artista reunindo 300 reproduções a cores de suas obras feitas entre 1963 e 2003. É um volume recheado com depoimentos de personalidades do meio artístico e intelectual.

- O livro abraça todas as fases do meu trabalho - explica Bezerra. - Desde a fase sentimental, no início da minha carreira, quando ainda pintava elementos do Nordeste, como vaqueiros e cangaceiros, até o choque cultural que se deu na minha chegada ao Rio.

Bezerra passou por diversos estilos, como o realismo, o cubismo e o expressionismo. Nas obras expostas, predomina a estética surrealista, na qual trabalha a psique da sociedade urbana. Para alguns críticos, esta última fase também pode ser definida como neo-romântica, na medida em que se aprofunda no ser humano. Figuras retorcidas e corpos aprisionados representam a angustia do indivíduo diante das prisões tentaculares da urbe capitalista.

- É como vejo o homem do século 20 - avalia Bezerra. - Mostro o apocalipse do ser humano, esmagado pela cidade. Alguns chamam isso de arte trágica, mas estou apenas retratando uma realidade.

A mudança para o Rio, na década de 70, foi um choque. E teve um reflexo visível na produção.

- Foi uma mudança brutal - confessa. - Fiquei perplexo. Nunca havia visto um prédio na minha vida. Até hoje minha natureza não aceita muito bem a cidade. Na minha obra, ela se aparenta agressiva, como o símbolo da morte.

Jornal do Brasil - 14-8-2008 - RJ
Vitor Machado
Exposição surrealista no Leblon

Começa hoje e vai até o dia 23 deste mês a exposição do artista plástico J. Bezerra, com 17 obras, na Realidade Galeria de Arte, no Leblon. Na inauguração será lançado o livro "J. Bezerra", do crítico de arte Georges Racz. O livro traz mais de 300 reproduções em cores de seus 44 anos de carreira (os últimos 29 como surrealista) e depoimentos de artistas e intelectuais.

- É a exposição mais significativa de minha vida. É mais voltada para dentro de mim. No início pintei muito crianças e cenas da vida, algumas bucólicas. Mas houve um momento em que a tragédia chegou a mim e a minha pintura tornou-se crítica. Procuro, por meio da arte, atravessar os escombros do mundo trágico em que vivemos para alcançar um novo estado de consciência - afirma J. Bezerra.

O Globo (Zona Sul) - 14-8-2008 - RJ

Obras e histórias de J. Bezerra

A Realidade Galeria de Arte, no Leblon, inaugura hoje a exposição do renomado e experiente artista J. Bezerra. Na ocasião, também será lançado o livro J. Bezerra, onde contém todas as principais obras e a histórias do artista, escrito pelo crítico de arte Georges Racz.

As obras de Bezerra são feitas basicamente com tinta óleo sobre tela, mas não deixa de passear pelo guache em papel e desenhos feitos à base de carvão. A inspiração ele busca nas imagens observadas nas ruas, no dia-a-dia e em lembranças da infância que passou no Maranhão.

Inéditas - A exposição conta com três obras inéditas de J. Bezerra, produzidas após a confecção do livro J. Bezerra, que traz aos apreciadores da arte mais de 300 reproduções de suas obras em cores, abrange toda a história do pintor nesses seus 44 anos de vida artística e conta ainda com depoimentos de expressivas personalidades do meio artístico e intelectual.

Essa é a 12ª exposição individual do artista, que já realizou 13 coletivas, sendo 4 internacionais.

O Fluminense - Artes - 14-8-2008 - RJ
Obras e histórias de J. Bezerra

A Realidade Galeria de Arte, no Leblon, inaugura hoje a exposição do renomado e experiente artista J. Bezerra. Na ocasião, também será lançado o livro J. Bezerra, onde contém todas as principais obras e a histórias do artista, escrito pelo crítico de arte Georges Racz.

As obras de Bezerra são feitas basicamente com tinta óleo sobre tela, mas não deixa de passear pelo guache em papel e desenhos feitos à base de carvão. A inspiração ele busca nas imagens observadas nas ruas, no dia-a-dia e em lembranças da infância que passou no Maranhão.

Inéditas - A exposição conta com três obras inéditas de J. Bezerra, produzidas após a confecção do livro J. Bezerra, que traz aos apreciadores da arte mais de 300 reproduções de suas obras em cores, abrange toda a história do pintor nesses seus 44 anos de vida artística e conta ainda com depoimentos de expressivas personalidades do meio artístico e intelectual.

Essa é a 12ª exposição individual do artista, que já realizou 13 coletivas, sendo 4 internacionais.

O Fluminense - Artes - 14-8-2008 - RJ
Naira Sales
O traço fantástico de J. Bezerra

Há 14 anos sem promover uma exposição individual no Rio, o pintor maranhense J. Bezerra está de volta, desta vez na Realidade Galeria de Arte, no Leblon, apresentando 17 óleos sobre trela de inspiração surrealista. Imagens delineadas fortes e tonalidades neutras chama a atenção em trabalhos como Entre o Céu e a Terra, Apocalipse, Encontro com Van Gogh e O Musico Fantástico. Durante a mostra foi lançado o livro de arte J. Bezerra - Pinturas/Desenhos 1963-2003, do crítico de arte Georges Racz.

J. Bezerra conta que o processo de seleção do material para o livro ficou a critério do autor, embora, em vários momentos de dúvida, ele próprio tenha opinado. "Houve várias obras que lamentamos não terem sido inseridas. São obras cujos colecionadores não foi possível contactar. Vários destes quadros se encontram no exterior", explica Bezerra.

Bezerra diz que seus quadros expressam seus sentimentos mais profundos. "São verdadeiros. Mais: são como o eco das minhas convicções e conflitos existenciais e metafísicos e, acima de tudo, a minha própria verdade. Eles revelam a minha crença na vida, na humanidade, na minha arte e, sobretudo, em Deus. Meu ‘depoimento’, embora retrate angustia, conflito e enfermidade, não prega, no entanto, o caos e a morte. Ao contrário, mostra a minha crença na redenção do homem", explica Bezerra.

"Além dos aspectos estéticos e éticos, inerentes a toda obra de arte, minha pintura se propõe ainda a levar o homem a reflexão, a um encontro consigo mesmo, com suas origens. Procuro transmitir em meus quadros a necessidade urgente de que o homem volte a amar o seu semelhante, antes que pereça de amor pela tecnologia e pela violência. "

Assim como muitos artistas, J. Bezerra procura encontrar na arte a forma de atravessar os escombros de um mundo absurdo e trágico. "O artista teme um estado de consciência permanente - o mundo jaz em trevas e tomba em ruinas; é somente escombros. A realidade tornou-se aterradora - é-lhe necessário refugiar-se num plano intermediário, o inconsciente. Ali estão as suas raízes, o seu outro eu. É nesse universo, onde o artista encontra a si mesmo, que necessariamente começa a criação da sua obra. "

Ainda segundo o artista, suas influencias iniciais vieram com os antigos egípcios, passando por Leonardo da Vinci, Velásquez, Goya, Daumier, os expressionistas e até os primitivos. "Cada um destes, a seu tempo e a seu modo, exerceu alguma influência em minha trajetória. "

Segundo Bezerra, definir a data da criação de uma obra de arte é algo complexo, já que seu processo de criação, muitas vezes, inicia-se sem que o próprio artista a perceba. "Inicia-se muito antes deste defrontar-se com o cavalete."

Bezerra diz que, em primeiro lugar, ao pintar uma obra, o faz para libertar-se das imagens que lhe "queimam" a alma.

Jornal do Commercio - 15 a 17-8-2008 - RJ
Isabella Paschuini
Uma visão trágica do homem urbano

Pintor maranhense J. Bezerra expõe pinturas surrealistas em galeria no Leblon

...O artista retrata em suas pinturas surrealistas uma visão trágica do homem urbano. Desde que se mudou de Carolina, no interior do maranhão, para o Rio de Janeiro, ele diz não ter se adaptado a atmosfera urbana, da "cidade cinza, labirinto humano". Ele explica: "fico perplexo quando ando pelas ruas. Vejo as pessoas como espectros. Sob meus olhos, a cidade é trágica. É isto que minhas pinturas expressam", reitera.

J. Bezerra reproduz em seus trabalhos o conflito entre o homem carnal e o homem metafisico, o que pode ser observado em muitas de suas obras pelo contraste das cores que formam as silhuetas. "Os tons róseos e vermelhos mostram o homem mortal, suscetível aos dramas da vida na cidade, enquanto o azul e o branco retratam o homem metafisico, que transcende o ordinário", explica. Os cinzas significam, para ele, a verdade do mundo. "O mundo é cinza, esta é sua verdadeira cor. A cidade é de concreto e até as lapides são cinzas. Por isso, uso esta cor em todos os meus trabalhos".

Inspiração - Outra temática presente na obra de Bezerra é a morte, que, segundo ele, foi responsável por experiências de dor e tristeza em sua vida. "A morte é uma inspiração em minhas pinturas surrealistas", diz. O artista não gosta de dizer exatamente em que períodos pintou os quadros. E não é devido a superstição ou coisa parecida. "Às vezes, vou para a frente do cavalete com uma imagem que está há anos em minha mente. Não gosto de dar uma data fixa para algo que foi criado aos poucos, de acordo com meus sentimentos", justifica.

Na abertura da mostra, foi lançado o livro "J. Bezerra", do crítico de arte Georges Racz. A publicação abrange a trajetória de 300 reproduções de telas. "A imaginação fertilizada pelo interior consegue aguçar a visão para o fantástico, encontrando em todas as coisas o contraditório, gerando finalmente o absurdo nas manifestações psicológicas e simbólicas. A arte de Bezerra, por sua figuração fantástica, substitui o poder imperativo da lógica e do racional por um sentimento muito mais profundo, que resulta da emoção poética. Este sentimento necessariamente se encontra num plano oposto ao da razão, mas é nesse rumo, na necessidade obsessiva de um avanço mais profundo dos anseios humanos, que se apóiam as bases da sua fascinante arte", comenta ao autor.

Tribuna da imprensa - 18-8-2008 - RJ
Geraldo Edson de Andrade

J. Bezerra pertence a estirpe daqueles pintores que sempre foram fieis à figura, seja ela expressionista ou surreal, como no seu caso. Uma pintura de elegante realização, harmonizando formas e cores de quem realmente sabe o que faz.

Jornal Copacabana - 20-8 a 20-9-2008 - RJ
Bibliografia

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Jornal o Globo - "Agenda" - 9-8-2008

Jornal do Brasil - "Agenda" - 9-8-2008

Folha Dirigida - "Livros" - 12 a 18-8-2008 - RJ

Carlos Henrique Braz - "Exposições" - Revista Veja Rio - 13-8-2008 - RJ.

Bolívar Torres - "Figuras retorcidas e corpos aprisionados" - Jornal do Brasil - 14-8-2008 - RJ.

Vitor Machado - "Exposição surrealista no Leblon" - O Globo (Zona Sul) - 14-8-2008 - RJ.

O Fluminense ¬ - "Artes" - "Obras e histórias de J. Bezerra" - 14-8-2008 - RJ.

Jornal do Commercio - 14-8-2008 - RJ

Folha Dirigida - "Livros" - "J. Bezerra" - 14 a 20-8-2008 - RJ.

Naira Sales - "O traço fantástico de J. Bezerra" - Jornal do Commercio - 15 a 17-8-2008 - RJ.

Jornal do Brasil-"Revista Programa" - "Artes Plásticas" - 15 a 21-8-2008

Anna Ramalho - Jornal do Brasil - 17-8-2008 - RJ

Isabella Paschuini - "Uma visão trágica do homem urbano" - Tribuna da imprensa - 18-8-2008 - RJ

Carlos Henrique Braz - "Exposições" - Revista Veja Rio - 20-8-2008 - RJ

Geraldo Edson de Andrade - Jornal Copacabana - 20-8 a 20-9-2008 - RJ

 

LIVROS

Bardi, P. M. - "Arte Brasileira" - Editado por Colorama Editora Artes Gráficas Ltda. - RJ.

"Arte do Maranhão - Art of Maranhão" - 1940-1990 - (Banco do Estado do Maranhão).

 

TELEVISÃO E CINEMA

1977 TV Globo (Jornal Hoje)

TVE

1978 TV Globo (Jornal Hoje)

Cinema (Agência Nacional)

1979 TV Globo (Jornal Hoje)

TV Globo (Recife)

1981 Rádio Jornal do Brasil

Cinema (Luiz Severiano Ribeiro)

TV Globo

TVE

TV Bandeirantes

1982 TV Globo (Jornal Hoje)

TVE

Cinema (Luiz Severiano Ribeiro)

1985 Cinema (Luiz Severiano Ribeiro)

1991 TVE - Junho de 1991.

2008 TV Brasil - Agosto 2008